top of page

A experiência de quarentena pelo olhar marcante de Raul Machado

  • camaraescurarevist
  • 14 de out. de 2021
  • 2 min de leitura

por Marcela Akemi De Donno

revisado por Mariana Peixoto



Para fechar a 14° Semana Rec em peso, recebemos Raul Machado para exibir seu projeto mais recente, o “The Quarantine Experience”, e nos explicar um pouco sobre como foi o processo.

Raul Machado, realizador audiovisual, é um dos nomes mais notáveis do cenário de videoclipes brasileiros da década de 90, e até hoje produz, dirige e edita obras audiovisuais muito atraentes e diferenciadas. Carrega em seu portfólio trabalhos com a Planet Hemp, Raimundos, Chico Science, Rappa, Sepultura e muitos outros artistas.

Por conta dos inesperados eventos de 2020 que nos forçaram a ficar de quarentena em nossos lares, o futuro do audiovisual independente ficou sombrio, já que não eram mais possíveis sets com dezenas de profissionais para a gravação de projetos que foram planejados por meses ou até mesmo anos. Ao mesmo tempo que isso ocorreu, as tendências da área foram se adaptando, e surgiu a nova “estética de quarentena”, com filmes feitos em casa apenas pelos que estão em isolamento juntos sem equipamentos arrojados, estúdios e atores, apenas com o que se tem em mão nesse momento onde a segurança tem que ser a prioridade. Raul foi um dos artistas a se apropriar dessa estética, que ao mesmo tempo em que é uma das poucas saídas para continuar produzindo, é um território novo que merece muita exploração e deixa muito espaço para criatividade, poesia e introspecção.

Foi nesse contexto em que nasceu o “The Quarantine Experience”, uma série com dezenas de videoclipes com artistas diversos, nacionais e internacionais, com direção e edição de Raul Machado. São vídeos em geral gravados pelos próprios artistas em suas casas e vizinhanças, apenas com um celular e sem o uso de nenhum artifício técnico, mas que não por isso perdem qualidade. São cheios de personalidade, atitude e cada um traz uma interpretação diferente do ambiente “casa” e os limites não existentes da criatividade dentro deste espaço limitado. Apesar da simplicidade um pouco obrigatória do projeto, os vídeos em si não são simples, e contam com efeitos visuais, sobreposições, pixelation, e um trabalho muito interessante de cor, luz e sombra.


É possível pensar essa estética de quarentena, caseira e espontânea, como uma nova potência que nos estimula a encontrar criatividade e inspiração no que nos parece cotidiano, entediante e cansativo. Desde o ano passado, nós realizadores audiovisuais e cineastas nos vemos obrigados a pensar sobre vídeo e cinema dessa nova maneira, mergulhar em nosso próprio mundo presente e mostrar isso para o outro sem a utilização de recursos mais apropriados. Com certeza é um processo desconfortável e até mesmo indesejável, mas que nos impulsiona a fortalecer o nosso músculo da criatividade e a aceitar essa “caseiridade” em nosso trabalho (que não é sinônimo de amadorismo) sem um juízo de valor.


É altamente inspirador ver um exemplo muito prático de como essa estética pode funcionar, e ainda mantendo personalidade e dinamismo, sem nunca parecer que é mais do mesmo. “The Quarantine Experience” de Raul Machado não apenas nos trouxe com muita música e poesia a experiência de quarentena de dezenas de artistas, como nos mostrou que é sim possível criar trabalhos muito interessantes com apenas o que temos em mão.

Posts recentes

Ver tudo
Cinema é política

por Cássio da Fonseca Bossert revisado por Mariana Peixoto O cinema brasileiro parece viver um loop. A busca por liberdade para poder...

 
 
 
O que os alunos estão assistindo?

Acreditando em um espaço democrático de troca cultural e acadêmica, a Revista Câmara Escura tem o prazer de apresentar aos seus leitores...

 
 
 

Comments


Segue a gente!

  • insta
  • youtube
bottom of page