A Porta de Entrada
- camaraescurarevist
- 24 de nov. de 2020
- 2 min de leitura
Atualizado: 2 de dez. de 2020
Por João Cabral
Todo aspirante ao audiovisual tem sempre um objetivo: que seu produto atinja o maior número de pessoas possíveis e que sua mensagem seja transmitida. Vivemos um tempo muito estranho no audiovisual brasileiro, no qual os incentivos que já eram pequenos estão sendo diminuídos, ou até mesmo deixando de existir. Nesse cenário atual, os festivais se tornam o meio mais fácil de atingir uma grande gama de espectadores.
No Brasil, existem alguns grandes festivais de cinema, como o Festival de de Gramado, Mostra Internacional de São Paulo, Festival de Brasília, etc. Festivais esses que são bem antigos e tem uma tradição gigantesca no mercado nacional, tendo um intuito não só de exibir filmes brasileiros para o grande público, como também filmes de países que não chegariam ao circuito comercial. Essa visibilidade que estes eventos oferecem a filmes de pequena escala é o que faz deles importantes, pois fogem das tradicionais salas de cinema de shopping e das grandes empresas que monopolizam todo o mercado, dando assim a chance de filmes pequenos, mas de muita qualidade e importância, de se apresentarem para o grande público.
Normalmente esses festivais aconteciam em salas de cinemas que possuíam uma programação de horário, na qual cada filme seria exibido, com todo evento acontecendo de forma presencial. Mas no contexto em que a gente vive, foram adotados novos métodos para que mesmo neste momento esses eventos acontecessem. A Mostra SP deste ano por exemplo, que aconteceu do dia 22/10 até 04/11, foi realizada totalmente online para todo o Brasil, bastava entrar no site e, em uma espécie de aluguel, assistir aos filmes disponíveis. Esse foi um conceito muito bacana adotado pela mostra, que proporcionou a espectadores de todo Brasil, que às vezes não tinha a disponibilidade de se locomover até São Paulo, a assistir qualquer filme do catálogo. Possivelmente colocou um grande ponto de interrogação na cabeça de todos os organizadores de mostras, podendo assim gerar novos formatos de mostras híbridas, tanto no presencial quanto no online, a fim de aumentar o alcance desses filmes. Mas obviamente que não podemos afirmar que isso foi algo totalmente benéfico para o cenário, pois ao fazer um evento online, diminuímos a experiência do espectador para com a obra cinematográfica. É aí que mora o perigo, visto que realizar uma mostra online é bem mais barato e bem menos trabalhoso para os organizadores, coisa que pode levar eles a pensarem que sua experiência não vale tanto o trabalho que eles teriam.
A reflexão que fica então, é de talvez um alerta, para que nós, consumidores desse tipo de evento, não nos acomodamos ao modelo online, e que quando pudermos voltar a frequentar os cinemas com segurança, ir com toda a força e total apoio a estes projetos, pois no final do dia, eles serão a porta de entrada de muitos de nós da indústria cinematográfica.
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